
Irmãos, um combinado que fiz com a Igreja foi não poupá-la de teologia (boa teologia reformada). E a boa teologia passa pela exegese de um texto em sua língua original, para que alcancemos a intenção do autor do texto para o público ao qual escrevia. Um texto nunca pode dizer hoje, o que ele não disse quando foi destinado ao seu público original. Há um princípio eterno para a Igreja de todos os tempos. O versículo destacado acima causa alguma confusão no seio da Igreja. Como assim a oração do justo? A própria Bíblia afirma que “Não há um justo, nem um sequer. Romanos 3:10”. Será que temos uma incoerência entre a fala de Paulo e Tiago, ou há algo que devemos buscar no contexto canônico para entender a mensagem de Tiago?
A palavra grega que foi traduzida como justo para o português é dikaiou, que vem de outra palavra grega dikê. Esta palavra significa: aquele que é declarado justo mediante um veredito judicial que define se alguém é aprovado ou reprovado. Não se considera a pessoa, mas o que o juiz decretou sobre a pessoa. É o julgamento que está acontecendo. É uma decisão legal e forense. Esta palavra aparece na LXX (Septuaginta é o Antigo Testamento em grego) nove vezes e traduz a palavra hebraica rî que significa “processo judicial”. Então, perceba, meu caro irmão. O ensino bíblico afirma, sim, que todos pecaram e destituído estão da Glória de Deus. Não há um justo. Todos estão no caminho para o inferno. Mas Deus… Por mera graça e misericórdia, dá uma sentença judicial favorável para aquele que foi eleito na eternidade declarando-o justo. O Juiz declarou a inocência. E esta imputação de inocência será operada no espaço-tempo pelo chamado da Pregação da Palavra de Deus e a operação do Espírito Santo. O alvo da misericórdia e graça de Deus, ao ouvir que Deus declara justo aquele que crê, crerá! Crerá, pois isso foi dado gratuitamente no Seu Filho Amado. A partir daí as coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo!
A partir daí, podemos entender quando o Evangelho de João declara: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. João 3:18”. O que crê é declarado dikaiou e o que não crê permanece na situação que se encontra. Continua debaixo da ira (Jo3.36).
Quando oramos em o Nome do Senhor, não oramos confiados em nossa própria justiça. Mesmo porque não a temos! Aquele que ora confiado que foi declarado justo no tribunal celestial pelo sangue de Cristo derramado, sua oração chega ao Trono da Graça e é ouvida! Pois ele é dikaiou. Do outro lado existem os adikos (A letra “a” inicial é o prefixo de negação. Assim como o contrário de normal é anormal, o contrário de dikaiou é adikos que significa injusto) Adikos é aquele que não foi declarado justo pelo Juiz. A prova cabal de alguém que é adikos, ou injusto é a sua confiança em sua própria justiça.
Daqui, ficam algumas perguntas: Você é justo? E por que é justo? Se morresse hoje, o que diria a Cristo se Ele te perguntasse o motivo pelo qual Ele deveria te deixar entrar no Céu Dele? Qual seria a sua resposta? São questão fundamentais. Questões de vida ou morte, de céu ou inferno, que precisam estar claras na mente e coração de todo aquele que diz crer no Senhor Jesus.
Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo. Salmos 32:1-2
Rev. Ricardo Luiz Pinto