
Categoria: Artigos
Data: 26/05/2024
"Portanto, resta um repouso para o povo de Deus." (Hb 4.9)
Hoje é domingo. Por padrão, um dia em que os trabalhos cessam. O dia que, por direito, uma vez no mês ao menos, o trabalhador tem o direito de parar. O dia em que famílias se visitam. Ou, então, podemos dormir até mais tarde. Recrear-se da labuta cotidiana e aproveitar. São estes os pensamentos que, corriqueiramente, a maioria tem sobre este dia, o dia de hoje que é domingo (para quando essa pastoral foi escrita originalmente).
Mas, para o crente, para aquele que está peregrinando, o domingo não possui um fim em si mesmo. O domingo não é meramente um dia em que folgamos. O domingo, ou o Dia do Senhor, é um símbolo que será sustentado pelo próprio Deus até o fim, apontando para a realidade que aguarda todo aquele que exerceu fé em Cristo. O domingo é uma grande parábola do Dia que ainda resta para o povo em peregrinação nessa terra.
As Escrituras são histórias reais de fatos que sucederam no tempo e espaço, mas que funcionam como uma sombra de algo muito maior. O Egito e o Êxodo são sombras do pecado e da escravidão que subjugam os seres humanos e como Deus, por meio de um libertador, retira estes escravos desta situação. Moisés era a sombra que apontava para Cristo, o verdadeiro libertador. A peregrinação pelo deserto do Sinai é a figura da vida de peregrinação por este mundo de todo aquele que foi salvo do pecado por Cristo. Estamos em marcha rumando para um destino. Assim foi com o povo que foi tirado do Egito, e assim é com aquele que é liberto do pecado e colocado em marcha. A terra prometida, Canaã, é apenas uma sombra, uma figura, da verdadeira Jerusalém Celeste. Aquela do alto, aquela que Deus mesmo edificou com as mãos. Essa aqui de baixo nada vale, nem mesmo para Abraão, que aguardava a de cima.
Entenda, Deus nos deixou um monumento no tempo, que é, de sete em sete dias, pararmos um dia para tomarmos alento nesta peregrinação e lembrar que resta um descanso final ainda. Não é o domingo que possui algum valor, mas a promessa que está sobre ele, pois quem fez a promessa é poderoso para cumpri-la.
Sendo assim, quando não apreendo e vivo corretamente o domingo e creio que ele é um dia para ficar “à toa” ou um dia que é para eu usar ao meu bel-prazer, como um dia opcional, perco a promessa depositada no sacrifício de Cristo que “ainda resta um repouso”. Toda a esperança de que estamos reconciliados com Deus se perde. Toda a promessa é esvaziada. Pecado? Escravidão? Liberdade? Cristo? Tudo se esvai. Do outro lado, ao acreditar nessa promessa, me torno participante da verdadeira paz que Cristo dá. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. Jo14.27”.
O domingo é algo muito superior ao descanso das obrigações semanais. O domingo é a fonte de onde jorra a benção do Espírito Santo sobre o povo de Deus em comunhão e culto ao seu Deus. O domingo é onde Deus decreta sua benção. A forma como eu vivo o domingo e o desejo que tenho para estar na presença do Senhor com os irmãos demonstrará se realmente pertenço ou não a Aliança.
Nós precisamos do domingo, nós precisamos do descanso da alma que apenas o Espírito pode ministrar. Ainda resta um repouso para o povo de Deus. - Rev Ricardo Luiz Pinto