Categoria: Notícias
Data: 09/04/2025
Ênfases cruciais do trabalho missionário

No texto de Atos 14.19-28, Lucas relata o fim da primeira viagem missionária, que tem seu início narrado no capítulo 13. Os integrantes dessa viagem eram: Paulo, Barnabé e João Marcos, que desistiu no meio do caminho. Os lugares principais que passaram foram a ilha de Chipre, no Mar Mediterrâneo, a cidade de Antioquia da Pisídia, na atual Turquia, e as cidades de Icônio, Listra e Derbe, na Ásia. Apesar da forte oposição sofrida pelos judeus nessas cidades, a obra missionária foi bem-sucedida e, por isso, eles queriam retornar ao ponto de partida para dar o relatório da viagem à igreja enviadora e se prepararem para a segunda viagem missionária. Através do texto em questão podemos aprender sobre algumas ênfases do trabalho missionário.

1. Pregação do evangelho de Cristo

A primeira ênfase do trabalho missionário dever ser a pregação do evangelho de Cristo (v.21). Paulo e Barnabé anunciavam e pregavam o evangelho por onde passavam, mesmo sofrendo forte oposição. O que é o evangelho? No sentido mais amplo é todo o desígnio de Deus, todo o seu plano eterno revelado nas Escrituras Sagradas, de Gênesis a Apocalipse, que pode ser resumido da seguinte forma: Deus criou o mundo bom; o homem estragou o mundo bom de Deus e Deus está restaurando o seu mundo através do seu Filho Jesus Cristo. No sentido mais restrito, o evangelho é a boa notícia de que Deus em Cristo salva o pecador e o reconcilia consigo mesmo. É a boa notícia da morte e da ressurreição de Cristo para livrar-nos da ira de Deus por causa dos nossos pecados, que têm como consequência a morte e o inferno.

Sem pregação do evangelho e sem evangelização abundante, nenhuma igreja ou trabalho missionário se sustenta. Aliás se uma igreja não prega o evangelho, ela deixa de ser igreja e não haverá trabalho missionário local, nacional e transcultural. Como alguém já disse: “A igreja que não evangeliza se fossiliza”, ou seja, a igreja que não prega o evangelho morre. A Igreja de Cristo jamais fechará suas portas ou morrerá, mas uma igreja local que não prega o evangelho sim. Temos muitos casos assim na história da igreja cristã antiga e atual. Basta olharmos o exemplo da igreja de Éfeso e de algumas igrejas na Europa.

2. Fazer discípulos de Jesus

Já vimos que a primeira ênfase crucial do trabalho missionário envolve a pregação do evangelho de Cristo e agora veremos a segunda, que envolve também fazer discípulos de Jesus (v. 21-22).

A pregação do evangelho gera convertidos e esses, pelo ensino da Palavra, tornam-se discípulos de Jesus, isso é, seguidores dele, que pela obediência de seus ensinos são moldados a fim de refletir o caráter do seu mestre. A palavra discípulo aparece três vezes no texto em questão, destacando sua importância dentro do trabalho missionário do apóstolo Paulo e da sua equipe. Diz o texto que Paulo e Barnabé fizeram muitos discípulos, fortaleceram a fé deles, instruindo-os em todos os caminhos do Senhor, inclusive no caminho da perseguição, que é algo comum para um verdadeiro discípulo de Jesus.

O processo do discipulado dura uma vida toda. Ele acontece formal e informalmente. Ele acontece quando ministramos um curso de discipulado ou uma classe de catecúmenos, e quando o discípulo vê, na nossa vida diária, Cristo se fazendo presente através das nossas palavras e ações. Fazer um discípulo é levar o convertido a ter a visão de Cristo, a cosmovisão cristã. É fazer a pessoa enxergar o mundo a partir da ótica de Cristo, segundo os princípios da sua Palavra. Um novo discípulos deve dizer como Paulo: “agora já não sou quem vive, mas Cristo vive em mim e esse viver que tenho na carne, tenho pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.

3. Plantar igrejas

Já vimos até aqui duas ênfases cruciais do trabalho missionário: a pregação do evangelho de Cristo e fazer discípulos de Jesus. A terceira ênfase é plantar igrejas (v.23).

A pregação do evangelho gera convertidos, os convertidos se tornam discípulos de Jesus e estes devem congregar em uma igreja local, por isso a plantação e a organização de igrejas são ações essenciais no trabalho missionário em qualquer lugar do mundo. A evangelização e o discipulado não podem acontecer desassociados, isolados ou independentes da igreja, da comunhão dos santos. O apóstolo Paulo, seguindo o ensino de Jesus na “grande comissão”, por onde passava tinha como alvo plantar igrejas, reunir os convertidos e discípulos que eram feitos através da sua pregação e ensino. Ele não os deixava soltos, abandonados, ele os reunia em uma igreja local, para juntos adorarem, aprenderem e servirem ao Senhor na comunhão da família da fé.

Fazer trabalho social é bom e faz parte do chamado do evangelho de Cristo, pois ele atinge o homem todo. Porém, a ação social da igreja, o fazer o bem, deve ter como motivação maior o amor a Deus e ao próximo e não a evangelização e a plantação de uma igreja. Essas ações podem abrir portas para a evangelização, mas não dispensam a evangelização e não devem ser feitas apenas como uma “isca” para fisgar as pessoas. Ação social é obra de amor e não método evangelístico para plantar uma igreja. O único método para a plantação de uma igreja bíblica é a pregação fiel da Palavra de Deus. Muitos projetos no campo missionário morrem porque não têm como objetivo a plantação de igrejas ou não trabalham em parceria com igrejas plantadas. Nem todo missionário trabalha diretamente na plantação de uma igreja, mas ele e sua equipe devem ter isso como meta. Por exemplo, um missionário que traduz a Bíblia, se ele mesmo não conseguir plantar uma igreja no meio do povo, ele tem que ser sucedido ou apoiado por outro que se dedique a essa tarefa.

4. Formação de liderança

Sobre as ênfases cruciais do trabalho missionário, já vimos a pregação do evangelho de Cristo, o fazer discípulos de Jesus, a plantação de igrejas e também a formação de liderança (v.23). A pregação do evangelho gera convertidos, os convertidos se tornam discípulos, os discípulos são congregados em igrejas, que são lideradas e governadas por líderes fiéis que formam outros líderes, a fim de que esse processo se repita e o reino de Deus se expanda no mundo. Uma grande prioridade do apóstolo Paulo era a formação de liderança local e, pela graça de Deus, ele foi bem-sucedido em preparar líderes fiéis, que continuaram o seu trabalho, a exemplo do seu mestre Jesus.

Diz o texto que, em cada igreja fundada ou plantada, ele promovia a eleição de presbíteros, com orações e jejuns, e ensino bíblico sobre as qualidades de um líder da igreja, pois escrevendo a Timóteo, em sua primeira carta, especificou quais são essas qualidades: irrepreensível, marido de uma só mulher, que governe bem sua própria casa e seja apto para ensinar, além de outras qualidades. Segundo Paulo, o líder cristão, o pastor ou presbítero deve ter o caráter acima do carisma. O ser precede o fazer. O que ele faz para Cristo deve ser baseado naquilo que ele é em Cristo. Em outras palavras, o fruto do Espírito é a base para exercer os dons do Espírito.

5. Glórias a Deus pela sua ação

Além da pregação do evangelho de Cristo, da formação de discípulos de Jesus, da plantação de igrejas e da formação de liderança, outra ênfase crucial no trabalho missionário é reconhecer a ação de Deus através da igreja para sua glória e crescimento do seu reino (v.26-27).

Como já falamos, Lucas não registra primeiramente a ação da igreja, mas a ação do Espírito Santo através da igreja para que esta realize a missão de Deus no mundo, que é a glorificação do seu nome na salvação de pecadores de todos os povos da terra, pela pregação do evangelho de Cristo Jesus. O livro de Atos se traduz no que Jesus continua fazendo através da sua igreja no poder do Espírito que ele mesmo enviou (At 1.8).

Paulo e Barnabé, quando retornaram à Igreja de Antioquia, que os tinha enviado em missão, deram destaque, em seu relatório, naquilo que Deus fez neles e através deles para a salvação dos gentios. Se Deus não abrir os olhos da fé não há conversões em nenhum lugar do mundo, não há trabalho missionário que se sustente. Dependemos dele, precisamos orar a ele, buscar sua presença e poder para avançar entre os povos da terra. Precisamos dar toda a glória a ele por tudo que tem sido feito pela igreja e pelos missionários da APMT/IPB no mundo.

Baseado no texto em questão, falamos sobre as ênfases cruciais do trabalho missionário, que consistem, basicamente, na pregação do evangelho de Cristo a fim de que haja convertidos; em pegar os convertidos e fazer deles discípulos de Jesus; em reunir os discípulos em igrejas locais para adoração, comunhão instrução e serviço; em formar liderança para a igreja a fim de que repitam o processo e, por fim, em dar glórias a Deus pela sua ação em nós e através de nós para a expansão do seu reino no mundo.

Sua igreja é consciente e participante ativa da missão de Deus no mundo? E você? É um discípulo de Jesus que faz outros discípulos para ele? Se Deus te chamar você está disposto a ir a qualquer lugar do mundo para fazer discípulos de Jesus e plantar novas igrejas? Você tem orado e investido sua vida, seus dons e dinheiro para o crescimento do reino de Deus no mundo? De coração, espero que você tenha boas respostas.

Rev. Paulo Serafim

Autor: APMT   |   Visualizações: 305 pessoas
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